Em discurso na na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, nesta sexta-feira (1º/12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma cobrança para que os países ricos se unam para a transformação ecológica. Segundo ele, o grande desafio que o mundo enfrenta hoje é “dissociar o crescimento econômico dos seus efeitos nocivos sobre o clima”.
Estudos do setor privado, mencionados pelo ministro, estimam que o Brasil precisa de investimentos adicionais da ordem de US$ 130 a US$ 160 bilhões por ano pelos próximos 10 anos para “capturar a oportunidade” da transformação ecológica. “Principalmente em infraestrutura para adaptação, energia, indústria e mobilidade”, citou.
“Precisamos unir esforços para a transformação ecológica, de modo a evitar medidas protecionistas e a fragmentação geopolítica. Precisamos de uma transição global para o desenvolvimento sustentável. A prosperidade de uns poucos diante da miséria e da devastação ambiental de muitos se torna cada vez mais insustentável em um mundo em emergência climática”, declarou o ministro, ao tentar ganhar o apoio financeiro das maiores economias do mundo.
Na ocasião, Haddad apresentou o Plano de Transformação Ecológica do Brasil – uma espécie de pacote verde com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico do país por meio de medidas de desenvolvimento sustentável no contexto das mudanças climáticas. Com a proposta, o país almeja se tornar um dos líderes globais no combate ao aquecimento global.
“O Plano de Transformação Ecológica que eu tenho a honra de apresentar a vocês hoje visa unir forças em torno de um objetivo histórico: interromper cinco séculos de extrativismo e destruição do meio ambiente para posicionar o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável”, disse o ministro, que exaltou a capacidade do país na criação de infraestruturas sustentáveis.
Hidrogênio verde e eólicas offshore
Haddad mencionou os Projetos de Lei sobre hidrogênio verde e a geração de energia eólica offshore, aprovados recentemente pelo Congresso Nacional, como setores cruciais para a transição energética que detêm enorme potencial para o país. As pautas foram aprovadas às pressas pelo parlamento nesta semana, para integrarem o cartão de visita de boas práticas apresentados pelo governo na conferência.
Como exemplos de medidas em processo de implementação, ele também citou a criação de um mercado de carbono regulado, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a definição de uma taxonomia nacional focada na sustentabilidade e a revisão do Fundo Clima.
A mensagem central, de acordo com o ministro, é de que a reformulação dos fluxos financeiros globais passa pela afirmação do Sul como centro da economia verde. “A reinvenção do Brasil que propomos com o Plano de Transformação Ecológica é o primeiro passo para uma nova globalização socioambiental. Ao reimaginar a nossa relação com a natureza e superar a nossa herança colonial excludente, estaremos dando uma contribuição decisiva ao mundo, e fazendo a nossa parte para vencer o maior desafio da história da humanidade: a emergência climática”, finalizou.