A declaração do governador Mauro Mendes sobre o possível fechamento da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá causou indignação em diversos deputados e provocou reação imediata na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (4). Para a deputada estadual Janaina Riva (MDB), trata-se de uma tentativa de desativar uma unidade centenária, essencial para a população, especialmente os mais pobres, que dependem do atendimento de portas abertas.
“A Santa Casa é a única emergência pediátrica de portas abertas em Mato Grosso. É ali que as mães correm quando não têm a quem recorrer”, disse a deputada, ao se manifestar na tribuna.
A crítica é uma resposta direta à fala do governador, feita à imprensa no dia anterior, de que a Santa Casa poderia ser fechada com a inauguração do novo Hospital Central — que será administrado pelo Hospital Albert Einstein e funcionará em modelo de portas fechadas, ou seja, sem pronto atendimento à população.
Janaina classificou a comparação como irresponsável e alertou para o impacto direto na vida de milhares de pessoas.
“O novo hospital não substitui a Santa Casa. Ele não atende a população que bate na porta com uma criança febril ou com dor. O que está em jogo aqui é o desmonte de um serviço essencial que acolhe quem mais precisa”, defendeu.
Além da emergência pediátrica, a Santa Casa também é referência no tratamento oncológico. Só em atendimentos de quimioterapia e radioterapia, são mais de mil pacientes por mês — entre adultos e crianças. “Fechar a Santa Casa é virar as costas para o povo cuiabano e mato-grossense. É apagar a história de uma instituição que salva vidas todos os dias”, completou a parlamentar.
Requerimento:
A deputada também fez um alerta sobre os valores que o Estado deverá pagar ao Hospital Central pelos exames, apontando que os preços previstos são até quatro vezes mais altos do que os pagos atualmente a laboratórios do interior. Para ela, o governo precisa explicar por que um hospital novo recebe mais enquanto unidades locais seguem operando no limite.
“Nada contra o Albert Einstein. Mas se o governo quer pagar mais, que pague também de forma justa a quem já está fazendo o trabalho no interior, com menos estrutura e mais dificuldade”, finalizou ao apresentar requerimento exigindo informações sobre os valores contratados.