A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai avaliar medidas para aprimorar os serviços da Energisa Mato Grosso durante o processo de renovação da concessão da distribuidora. O anúncio foi feito pelo diretor da Aneel, Fernando Mosna, durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (23) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), que discutiu a qualidade do fornecimento de energia no estado.
Mosna afirmou que encaminhará um memorando à Superintendência de Mediação Administrativa relatando as principais reclamações apresentadas. Segundo ele, parte das demandas não se restringe à renovação da concessão, mas envolve diretamente a qualidade do serviço e o relacionamento com o consumidor. “Vamos analisar as manifestações da sociedade e buscar formas de aprimorar nossos processos e o atendimento”, disse o diretor, acrescentando que o documento será formalizado nesta sexta-feira (24), em Brasília.
A audiência foi conduzida pelo senador Wellington Fagundes (PL), que defendeu maior transparência e fiscalização sobre o processo de renovação dos contratos. “Queremos que o cidadão seja bem atendido. Mato Grosso é um estado em crescimento e precisa de investimentos em energia e telecomunicações”, afirmou.
O deputado Wilson Santos (PSD) criticou o desempenho da distribuidora e afirmou que o governo federal deve renovar por mais de 30 anos as concessões de 19 empresas no país, incluindo a Energisa. Segundo ele, a concessionária não cumpriu totalmente as cláusulas contratuais, destacando que apenas um terço do estado possui rede trifásica, e denunciou o fechamento de agências físicas. “A Assembleia vai elaborar um documento robusto, com provas, para encaminhar à Aneel e ao Ministério de Minas e Energia”, disse.
A secretária adjunta do Procon-MT, Cristiane Vaz, informou que, embora a Energisa ainda registre reclamações, houve redução significativa nos últimos anos — de cerca de 7 mil em 2019 para 2,1 mil em 2025. Segundo ela, as queixas mais recorrentes envolvem cobranças indevidas, falhas na rede e longos períodos sem energia. Vaz também destacou avanços no atendimento após a ampliação de postos nos Ganha Tempo e horários estendidos em municípios do interior.
O diretor-presidente da Energisa, Marcelo Vinhaes Monteiro, afirmou que a empresa investiu cerca de R$ 9 bilhões na modernização da rede e na ampliação da capacidade elétrica desde que assumiu a concessão, há 11 anos. Somente em 2025, os investimentos somam R$ 1,6 bilhão, segundo ele, o maior volume em execução no setor elétrico brasileiro. Monteiro destacou ainda que a concessionária reduziu em 50% a duração média das interrupções e mantém capacidade dobrada para atender ao crescimento do estado.
Já o vice-presidente da ALMT, Júlio Campos (União), criticou o processo de renovação por falta de participação popular e afirmou que o decreto federal nº 12.068/2024 reduziu prazos previstos em lei, o que enfraqueceria a segurança jurídica. O deputado Chico Guarnieri (PRD) defendeu revisões contratuais periódicas, a cada cinco anos, para adequar os compromissos à realidade econômica de Mato Grosso.
O vereador Lucas Badan (União), presidente da Câmara de Nova Mutum, relatou prejuízos à economia local causados por apagões frequentes e falta de manutenção na rede. Segundo ele, frigoríficos e aviários chegaram a perder milhares de frangos devido à falta de energia.



