Embora Mato Grosso não seja um dos maiores colégios eleitorais do país, o estado ocupa uma posição estratégica na geopolítica nacional, sobretudo por seu peso econômico. A força do agronegócio, que representa parcela significativa do PIB brasileiro e exerce influência direta no Congresso Nacional, torna qualquer liderança política local um ator relevante em articulações de alcance nacional. Mauro Mendes, reeleito com ampla margem em 2022, carrega esse capital político.
O governador mato-grossense tem se posicionado como uma voz pragmática dentro do bloco de centro-direita, defendendo a necessidade de união para enfrentar a esquerda. Sua fala durante o encontro dos governadores — “O próximo presidente do Brasil estava presente na reunião” — revela não apenas confiança no grupo, mas também a intenção de projetar Mato Grosso como parte ativa de um movimento que vai além de interesses regionais.
No entanto, Mendes enfrenta limitações. Diferentemente de Tarcísio de Freitas, que herdou apoio bolsonarista, ou de Ronaldo Caiado, com longa trajetória nacional, o governador mato-grossense ainda não construiu projeção suficiente fora das fronteiras do estado. Sua força, nesse cenário, tende a se concentrar mais em garantir palanque robusto em Mato Grosso e atuar como articulador da bancada ruralista no Congresso — considerada peça-chave em qualquer composição de governo.
Se optar por disputar o Senado em 2026, como já se especula, Mendes poderá ampliar sua influência em Brasília, reforçando a base da futura coalizão. Nesse caso, não seria apenas um ator secundário, mas um elo estratégico entre o Executivo federal e o setor produtivo que sustenta boa parte da economia brasileira. Por outro lado, caso mantenha apenas um papel de apoiador regional, corre o risco de ver Mato Grosso reduzido a coadjuvante em uma disputa que promete ser polarizada.
A trajetória de Mauro Mendes até aqui mostra que ele prefere movimentos calculados, evitando rompantes ideológicos e privilegiando resultados administrativos. Essa postura pode lhe dar credibilidade como articulador, mas também pode limitá-lo diante de um grupo em que lideranças mais carismáticas e midiáticas tendem a ocupar o centro da cena.