Quantas vezes já ouvimos a frase “trabalhe enquanto eles dormem”. Infelizmente, essa ainda é a forma que muitas lideranças conhecem para estimular a produtividade e a superação de desafios por parte do seu time. Mas, neste mês setembro, quero chamar a atenção para o conceito de alta performance conectado à qualidade de vida e à saúde.
Óbvio que tudo na vida exige persistência e planejamento. Quem quer fazer algo novo ou atingir excelência vai ter que desafiar a procrastinação e se colocar em movimento. É assim com tudo, um novo emprego, um novo amor, um novo curso ou faculdade, um novo hábito, uma nova casa.
No entanto, é importante destacar que produtividade não tem a ver com “abrir mão” de momentos de lazer/descanso, hobbies e relacionamentos com familiares e amigos, pelo contrário, é saber dosar tudo. Inclusive, entre os 5 pilares de alta performance que desenvolvi, a partir de anos de trabalho e estudo, destaco como fundamental o equilíbrio entre o trabalho e o bem-estar emocional.
Entre os “5 Ds” estão desejo, definição, decisão, determinação e disciplina. Há uma sequência lógica para alcançar a alta performance e aprimorar o foco para a implementação de novos hábitos. A proposta é alinhar esses aspectos de modo a trazer resultados significativos, mas sempre buscando o impacto positivo na carreira e na vida.
“Sou o primeiro a chegar e o último a sair”. Essa é outra frase que demonstra a falta de conhecimento, já que a sobrecarga, além de não nos levar à produtividade, prejudica o cérebro na realização de tarefas mais criativas e bem elaboradas. Perdemos parte do nosso foco e atenção de qualidade. Portanto, uma das minhas orientações é sempre estabelecer prioridades, incluindo tempo de descanso ou pausas.
A palavra-chave para alcançar nossos sonhos é o equilíbrio. Afinal, não há meios de usufruir das nossas conquistas sem estar em uma condição plena de saúde. Certa vez, uma amiga me contou que atingiu o cargo máximo da empresa (uma multinacional) no Brasil, o que era algo incrível para uma mulher atuando como gerente de um banco privado, no setor de crédito a empresários (a maioria homens).
Porém, ela vinha negligenciando há muito tempo sua saúde, ao ponto de ser informada que estava com uma suspeita de câncer (no útero) e teria que fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor. A notícia de estar com uma doença grave muda radicalmente nossas ideias e nos devolve a lucidez. Sim, somos seres finitos, mortais e se não cuidarmos da “nossa casa”, ou seja, do corpo e da mente, podemos deixar de existir.
Costumo levar essa preocupação às lideranças, de que é preciso trabalhar junto com a equipe os objetivos comuns, da empresa e as metas pessoais. O indivíduo não é um dentro e outro fora da empresa, ele é um ser integral, que precisa ser visto e validado por inteiro, só assim é possível conseguir eliminar antigos hábitos e crenças arraigados que desprezam, por exemplo, o horário do almoço.
O bom desempenho depende de uma construção contínua, feita de pequenas e grandes escolhas cotidianas. Alta performance não é um ato, é um hábito, não é apenas fazer da maneira certa, mas, planejar-se para ter um bom desempenho, é alcançar seu máximo potencial como ser humano.
Fico muito brava quando fico sabendo de profissionais que buscam maximizar seu tempo deixando de “almoçar ou jantar”, que apenas “comeram um salgado”. Desde quando saco vazio consegue parar em pé? Desde quando vou muito longe se estou desrespeitando meu próprio corpo? São essas pequenas reflexões que quero deixar com vocês.
Danielle Ruiz, palestrante e coaching de alta performance, Master programação neurolinguística, Gestão de Equipes, A ciência do bem-estar pela Universidade de Yale