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Geral Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2025, 09:25 - A | A

Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2025, 09h:25 - A | A

RESGATE HEROICO

“Obrigado não paga”: bombeiro salva vizinha de incêndio e garante Natal com vida em Cuiabá

De folga, capitão do Corpo de Bombeiros arriscou a própria segurança, subiu no telhado e resgatou moradora presa em casa tomada pelo fogo no Jardim Imperial

MQF
Da Redação

Neste Natal, a data ganhou um significado que vai além das celebrações para a moradora Gabrielle Ricci, que escapou da morte após ficar presa dentro de casa durante um incêndio em um condomínio localizado na Avenida das Palmeiras, no bairro Jardim Imperial, em Cuiabá. O fogo atingiu a residência no último sábado (20.12) e só não teve um desfecho trágico graças à atitude rápida e corajosa de um vizinho: um bombeiro militar que estava de folga.

Sem equipamentos de proteção, vestindo apenas camiseta e bermuda, o capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Luiz Antônio Amaral de Souza, percebeu a gravidade da situação e decidiu agir. Ele subiu no telhado da residência e conseguiu retirar Gabrielle da casa em chamas, salvando sua vida. Veja o vídeo do resgate abaixo.

Gabrielle relata que dormia quando acordou assustada, já envolta por fumaça densa e com o fogo se espalhando rapidamente pela sala, bloqueando qualquer rota de fuga. Desorientada e com dificuldade para respirar, ela buscou abrigo nos fundos da casa, onde entrou em uma hidromassagem com pouca água, tentando se proteger da fumaça e do calor.

Sem forças para gritar, ela já se preparava para o pior quando ouviu uma voz vinda do alto.

“Fiquei ali encostada, abaixada, quieta, porque eu já não conseguia mais gritar. Pensei: ‘vou morrer’. De repente, ouvi uma voz vindo de cima. Quando olhei, vi um homem no telhado. Aquilo foi uma clareada. Ele disse: ‘vou te ajudar. Tem mais gente na casa? Vamos embora’”, lembra.

O resgate, no entanto, foi extremamente arriscado. Ao tentar puxá-la pelo braço, o capitão percebeu que o calor do muro queimava a vítima, impedindo a retirada imediata. Sem hesitar, ele improvisou uma proteção rasgando uma lona que estava sobre a hidromassagem e a colocou sobre o local quente, reduzindo a temperatura.

“Eu encostei e me queimei. Ele tentou me puxar, mas não dava. Então ele rasgou a lona e jogou exatamente onde estava queimando. Aí conseguiu me puxar. O que eu lembro é dos pés dele, descalços, exatamente onde meu braço queimou. Aquilo deve ter queimado muito. Eu estou viva hoje, com a minha família, graças a esse homem”, afirmou emocionada.

Gabrielle teve apenas queimaduras leves e não corre risco. Para ela, palavras não são suficientes para agradecer.

“Ele subiu rápido, passou pelo muro, pelo telhado e me tirou. Estou viva, sem ferimentos graves. ‘Obrigado’ é pouco. Ele me salvou.”

Pelo olhar do bombeiro

Bombeiro militar há 27 anos, o capitão Amaral conta que estava almoçando com a família quando foi alertado sobre o incêndio pelo irmão. Ao chegar ao local, percebeu que portas e janelas já estavam completamente tomadas pelo fogo. A presença de um carro na garagem indicava que poderia haver alguém dentro da residência.

“Eu sabia que ali morava um casal com uma filha. Incêndios em residências conjugadas se espalham muito rápido e as rotas de fuga são limitadas. Precisava confirmar se havia vítimas”, relatou.

Sem condições de combater as chamas naquele momento, ele acessou os fundos do imóvel pela casa vizinha. Ao subir no telhado, ouviu os gritos de socorro e avistou Gabrielle em meio à fumaça quente e escura.

Após improvisar a proteção com a lona, conseguiu puxar a vítima para o muro e, em seguida, conduzi-la pelo telhado até um ponto seguro, mantendo-a calma durante todo o trajeto. Com apoio de moradores, Gabrielle foi retirada em segurança e recebeu atendimento das equipes de emergência, sendo encaminhada posteriormente a uma unidade de saúde.

O incêndio foi controlado pelo Corpo de Bombeiros e, segundo avaliação inicial, pode ter sido provocado por um carregador conectado à tomada. Apesar da intensidade das chamas, dois quartos da residência foram preservados, com apenas danos parciais.

Para o capitão Amaral, a atitude foi um reflexo do compromisso com a vida.

 

“Graças a Deus, foi possível salvar uma vida. Isso é o que realmente importa. Honrei o lema e o juramento da minha instituição: vidas alheias e riquezas a salvar”, concluiu.

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, 26 de Dezembro de 2025