A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), defendeu a ampliação dos recursos destinados às políticas públicas de proteção à infância e à adolescência durante o Seminário de Enfrentamento à Violência Contra Crianças e Adolescentes, realizado nesta quarta-feira (22) pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT).
O evento teve como objetivo fortalecer estratégias e integrar ações voltadas à prevenção e ao combate de diferentes formas de violência contra o público infantojuvenil.
Moretti destacou que o município tem desenvolvido ações preventivas mesmo diante da limitação orçamentária. “Temos a Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal, uma das pioneiras em Mato Grosso, que atua não apenas na proteção da mulher, mas também de seus filhos. Outro exemplo é o projeto Arte de Proteger, em que agentes da GM utilizam fantoches para levar informações sobre segurança, combate às drogas e prevenção à violência de forma lúdica nas escolas”, afirmou.
A prefeita também reconheceu o trabalho do Conselho Tutelar de Várzea Grande e ressaltou a necessidade de ampliar a estrutura para acolhimento de vítimas. “Somente em setembro, foram registradas 70 ocorrências de violência contra crianças. Precisamos de uma delegacia especializada que funcione de forma humanizada. Muitas mães desistem de denunciar ao se depararem com o ambiente da Central de Flagrantes, que é predominantemente masculino. Isso desestimula a busca por ajuda”, observou.
Falta de estrutura e recursos
Flávia Moretti cobrou o aumento do repasse de verbas para a área social. Segundo ela, Várzea Grande recebe apenas R$ 11,22 por habitante ao ano — o equivalente a R$ 0,90 por mês — para ações voltadas à proteção de crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas com deficiência.
“É insuficiente para a demanda de um município com mais de 318 mil habitantes. Apesar disso, temos contado com o apoio do governo estadual por meio da Secretaria de Assistência Social”, destacou.
O presidente do TCE-MT, Sérgio Ricardo, ressaltou que o seminário busca fortalecer a atuação do poder público no enfrentamento à violência. “O Tribunal tem o dever de fiscalizar e garantir que os recursos destinados à proteção da infância sejam aplicados corretamente e tragam resultados concretos”, disse.
A secretária municipal de Assistência Social, Cristina Saito, também elogiou a iniciativa. “É um tema que exige diálogo e união entre todas as esferas. Temos trabalhado para ampliar o atendimento e fortalecer a rede de proteção”, afirmou.
O secretário de Estado de Assistência Social e Cidadania, Klebson Gomes, apresentou ações do governo voltadas à infância, citando o programa Ser Família Criança, que atende mais de 600 crianças em Poconé. “O projeto reduziu significativamente os índices de violência e evasão escolar. Em 2026, o programa será ampliado para mais cinco municípios, com investimento de R$ 60 milhões”, anunciou.
O evento contou com a presença de conselheiros do TCE-MT, representantes do Ministério Público de Contas, da Defensoria Pública, da OAB-MT, de conselhos tutelares e da Polícia Militar, além de gestores municipais e estaduais da área social.