O lançamento do primeiro ecoponto do projeto ReciclaMT, na Câmara Municipal de Cuiabá, marca um passo importante rumo a uma nova cultura de responsabilidade compartilhada na gestão de resíduos sólidos urbanos. Mais do que um ponto de descarte seletivo, o espaço representa uma oportunidade de diálogo entre a população, o poder público e a cadeia da reciclagem, com benefícios que vão além da limpeza urbana. Trata-se de fomentar um novo modelo de cidade mais limpa, circular e conectada com o seu tempo.
Iniciativas como essa mostram que os ecopontos podem ser muito mais que estruturas logísticas: eles podem ser centros de educação ambiental, de inclusão socioeconômica e de geração de valor ambiental. O ReciclaMT nasceu com esse DNA, unindo tecnologia, sustentabilidade e impacto social em uma plataforma inovadora. O projeto tem apoio da Finep e Fapemat, e projeta uma expansão para a região metropolitana a partir de 2026.
O piloto em Cuiabá é operado em parceria com a cooperativa do Pedra 90, a Coorepam, gerando trabalho e renda para os catadores, muitas vezes invisibilizados nas engrenagens do sistema urbano. Esse modelo valoriza o trabalho desses profissionais e fortalece o elo entre inovação e justiça social. A efetividade do projeto também depende da colaboração ativa da sociedade. A participação da população é fundamental para o sucesso do ecoponto, já que é a adesão ao descarte correto que garante o volume necessário para fortalecer a cadeia da reciclagem.
Enquanto isso, em São Paulo, a startup Green Mining conquista créditos de reciclagem com base em rastreabilidade, mostrando que há espaço para tecnologia de ponta aplicada à economia circular. O reconhecimento recente da empresa demonstra que é possível agregar valor à logística reversa com inovação e transparência, tornando um exemplo inspirador para outras cidades e projetos.
A pauta da reciclagem, muitas vezes tratada como periférica, está cada vez mais ligada ao desenvolvimento urbano e à descarbonização das cidades. Com a proximidade da COP30 em Belém, é hora de colocar soluções como essas no centro das políticas públicas. Os ecopontos podem ser instrumentos estratégicos para cumprir metas ambientais e ampliar a conscientização coletiva sobre o destino dos nossos resíduos.
Mais do que apenas descartar, o cidadão que usa um ecoponto começa a repensar o que consome, o que descarta e como se relaciona com o ambiente ao seu redor. Essa mudança de mentalidade é essencial para a construção de cidades mais resilientes. É também uma chance de desenvolver soluções de baixo custo com alto potencial de impacto ambiental e social.
O ReciclaMT não é só um projeto, é um convite para repensarmos a lógica do desperdício e a responsabilidade compartilhada. Que esse primeiro ecoponto seja apenas o início de uma jornada que inspire outros municípios e regiões a olharem para seus resíduos como um ativo, e não como um problema.
Thiago Itacaramby é consultor Lixo Zero, gestor ambiental, empreendedor e comunicador social. E-mail [email protected]



