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Agronegócio Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025, 12:06 - A | A

Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025, 12h:06 - A | A

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Fertilizantes russos colocam Brasil na mira de novas sanções de Trump

Agronegócio brasileiro pode sofrer mais pressões após tarifaço de 50% imposto por Washington

MQF

O recente tarifaço imposto pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros — com alíquota de até 50% — já colocou o país no topo da lista das nações mais penalizadas pelos Estados Unidos, ao lado da Índia. Agora, o agronegócio nacional teme um novo capítulo nessa disputa comercial, motivado pela forte dependência de insumos e combustíveis importados da Rússia.

De janeiro a junho deste ano, o Brasil importou quase 6 milhões de toneladas de fertilizantes russos, e a projeção é de novo recorde em 2025, superando as 12,5 milhões de toneladas registradas em 2024. Além disso, mais de 60% do diesel comprado pelo país vem do mercado russo, item que também está no radar das sanções americanas. “Nós compramos petróleo e fertilizantes, que são muito sensíveis ao agronegócio”, alertou Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em entrevista no último dia 5.

O histórico mostra que a Rússia responde por 31% dos fertilizantes importados pelo Brasil, seguida de China (14%), Marrocos (11%) e Canadá (10%). Os EUA, por outro lado, fornecem apenas 4%. O país é o quarto maior consumidor mundial do insumo, essencial para a produção de soja, milho e cana-de-açúcar — culturas que representam mais de 70% da demanda nacional. Especialistas apontam que, caso as tarifas se ampliem, os impactos serão sentidos rapidamente nas exportações agrícolas, um dos principais motores da balança comercial brasileira.

O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), criado em 2022 para reduzir a dependência externa, prevê que o Brasil produza internamente 50% de suas necessidades até 2050, com investimentos estimados em R$ 25 bilhões até 2030. Entretanto, gargalos logísticos, disputas jurídicas e entraves ambientais dificultam a exploração de reservas nacionais, como as de potássio em Autazes (AM), alvo de impasses com comunidades indígenas e ambientalistas. “Potássio é mina, não escolho, é natureza. É fundamental para a produção de alimentos”, defendeu o vice-presidente Geraldo Alckmin no ano passado.

Um relatório da UFMG aponta que 11% das reservas da Bacia do Amazonas estão em terras indígenas, enquanto 80% se encontram fora da Amazônia, principalmente em Minas Gerais. O projeto de Autazes poderia suprir até 25% da demanda nacional, mas segue travado por disputas judiciais e pelo risco de deslocamento de populações tradicionais. Enquanto isso, o temor de novas sanções mantém o setor agrícola em alerta, com negociações urgentes para diversificar fornecedores e evitar que a dependência de insumos russos se transforme em um passivo econômico e diplomático de longo prazo.

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, 13 de Outubro de 2025