A China consolidou, em 2025, sua posição como maior potência comercial do planeta, ultrapassando os Estados Unidos em volume de trocas e número de países parceiros. Mesmo após a imposição de tarifas por parte do ex-presidente Donald Trump — apelidadas de “tarifaço” — o crescimento da corrente comercial chinesa se manteve, sinalizando uma mudança estrutural na balança global de poder econômico.
Segundo dados do US Census e da Administração Geral das Alfândegas da China, no primeiro semestre deste ano, a corrente comercial chinesa (soma de exportações e importações) atingiu US$ 3,04 trilhões — um aumento de 1,7% em relação ao mesmo período de 2024. No mesmo intervalo, os EUA movimentaram US$ 2,92 trilhões, o que representa crescimento de 10,2%, porém insuficiente para reverter a liderança de Pequim. O “Dia da Libertação”, como ironicamente foi batizado o 2 de abril — data em que a China ultrapassou os EUA em valor de trocas — marca um ponto de inflexão nesse cenário.
Mapas comparativos dos anos 2000 e 2024 ilustram com clareza a transformação geoeconômica: se no início do século a hegemonia comercial era amplamente norte-americana, agora a China é o principal parceiro de quase todo o planeta — inclusive do Brasil. O comércio chinês superou os US$ 6,16 trilhões em 2024, enquanto os EUA somaram US$ 5,33 trilhões no mesmo período.
A China movimentou US$ 3,04 trilhões, enquanto os EUA registraram US$ 2,92 trilhões no mesmo período — evidenciando a manutenção da liderança chinesa no comércio global.
Especialistas apontam que a ofensiva protecionista dos EUA — liderada por Trump e retomada no contexto eleitoral — pode ter surtido efeito contrário ao desejado, ao estimular ainda mais o fortalecimento de cadeias comerciais alternativas lideradas por Pequim. “Os dados mostram que a China não apenas resistiu ao tarifaço, como expandiu sua rede global de comércio”, afirma o economista-chefe da Econovis, Rafael Liang.
A tendência preocupa setores estratégicos da indústria norte-americana, que já enfrentam dificuldades para competir com os preços e a logística asiática. Por outro lado, a ascensão da China traz oportunidades para países emergentes, como o Brasil, que hoje exporta em maior volume para Pequim do que para Washington.
Essa nova configuração do comércio global pode redefinir as alianças estratégicas e pressionar por uma revisão das políticas tarifárias e industriais dos países ocidentais. Para analistas, o mundo caminha para uma ordem multipolar, com a China exercendo papel cada vez mais central nas decisões econômicas internacionais.