A transformação digital no Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) avançou de forma consistente no biênio 2024/2025, com investimentos em inteligência artificial, segurança da informação, governança de dados e acessibilidade digital. Conduzida pela Secretaria Executiva de Tecnologia da Informação (SETI), a agenda tecnológica estruturou um ecossistema integrado voltado ao fortalecimento do controle externo e à ampliação do acesso do cidadão às informações públicas.
“Estamos colocando a tecnologia a favor do cidadão. Investimos em inteligência artificial, segurança de dados e capacitação para qualificar nossa atuação, fiscalizar melhor, orientar os gestores e reduzir desigualdades sociais. Para isso, precisamos de informações confiáveis e ferramentas seguras”, destacou o presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo.
IA aplicada ao controle público
Entre os principais marcos do período está o lançamento do Platão, plataforma desenvolvida pela SETI para otimizar processos internos e fortalecer a fiscalização preventiva. A ferramenta reúne módulos baseados em IA generativa, capazes de executar desde tarefas rotineiras até análises complexas, sempre em ambiente controlado.
Segundo o secretário da Pasta, Reginaldo Hugo dos Santos, a proposta é acelerar fluxos de trabalho e ampliar a capacidade analítica dos servidores. “É uma plataforma modular, organizada por áreas de gestão, que apoia tanto atividades simples quanto processos mais sofisticados. A inteligência artificial auxilia, mas a decisão final é sempre do servidor”, ressaltou.
Entre os recursos disponíveis estão o chat institucional, que permite consultas em linguagem natural, e o módulo de análise de licitações, que reduz significativamente o tempo de avaliação de editais. Em testes realizados pela equipe técnica, o sistema chegou a gerar cem ofícios em menos de um minuto, evidenciando ganho expressivo de produtividade.
“Essa atuação preventiva permite identificar falhas de forma antecipada, corrigir editais e tornar os processos mais competitivos, aumentando a concorrência e reduzindo os custos para a administração pública”, explicou o auditor público externo Bruno Zys.
Governança, segurança e reconhecimento externo
A arquitetura do Platão também se destaca pelo modelo de governança e soberania informacional. Com processamento local e hospedagem no data center do Tribunal, a plataforma assegura controle sobre o ciclo de vida dos dados, rastreabilidade e transparência algorítmica.
“A inteligência artificial só tem valor público quando respeita a privacidade, a finalidade legítima e a rastreabilidade”, afirmou Reginaldo. O secretário-adjunto de Inovação e Inteligência e DPO da SETI, Valteir Teobaldo, reforçou que a solução está plenamente alinhada à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e aos princípios éticos do serviço público.
Essa abordagem rendeu reconhecimento nacional e internacional. Em novembro, durante evento em São Paulo, o modelo foi destacado como exemplo de uso ético e seguro da IA na administração pública.
Expansão do Sistema Radar
Outra frente estratégica foi a ampliação do Sistema Radar de Controle Público, uma das prioridades da gestão. O número de painéis saltou de seis para 19, com a criação de 13 novos módulos que ampliaram significativamente a cobertura das análises.
“O Radar é hoje uma das ferramentas de controle público mais modernas do país. Sua evolução contínua é prioridade da nossa gestão, e a equipe de tecnologia tem papel fundamental nesse processo”, afirmou Sérgio Ricardo.
Entre os destaques está o Radar Previdência, que passou a apresentar dados comparativos dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) de todo o país, tornando-se referência nacional durante evento técnico realizado no Paraná.
Os próximos passos incluem a revitalização dos painéis existentes e a integração de inteligência artificial, permitindo consultas em linguagem natural por gestores e cidadãos.
Capacitação técnica como estratégia
A formação das equipes foi outro eixo central da transformação digital. Em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a SETI concluiu a terceira turma da capacitação em ITIL 4, com foco em governança, planejamento e impacto da IA nos serviços de TI.
Mais de 100 profissionais participaram da formação. “É preciso preparar o profissional para dominar a ferramenta, e não ser dominado por ela. Quanto mais capacitação, melhores serão os produtos e serviços entregues com apoio da tecnologia”, destacou o professor Antônio João de Arruda Cebalho.
Acessibilidade, linguagem simples e novos canais
Outro marco do biênio foi a modernização do portal institucional, regulamentada pela Portaria nº 110/2025, que determina adequação aos padrões internacionais de acessibilidade, como o WCAG 2.1. O site passa a oferecer compatibilidade com leitores de tela, navegação por teclado, design responsivo e maior conectividade.
“A acessibilidade amplia o alcance do conteúdo e transforma o portal em uma ferramenta efetiva de prestação de contas. Transparência é permitir que o cidadão encontre, compreenda e utilize a informação”, enfatizou o presidente.
A iniciativa também incorpora a Política Estadual de Linguagem Simples e Direito Visual, além de permitir compartilhamento direto de conteúdos, acesso internacional e interação por meio de agente virtual em linguagem natural.
Complementando esse avanço, o Tribunal lançou o aplicativo oficial, que centraliza serviços, amplia o acesso móvel ao Radar, integra cursos da Escola Superior de Contas e oferece funcionalidades voltadas aos servidores.
Encerrando o balanço, Sérgio Ricardo adiantou que a agenda de inovação será intensificada no próximo biênio. “Todas as ações são pensadas para que o nosso trabalho tenha sentido prático e utilidade social. Transparência é garantir acesso, compreensão e uso da informação”, concluiu.



