A vereadora Maysa Leão (Republicanos) fez, nesta quinta-feira (13), um pronunciamento firme na Câmara Municipal de Cuiabá em repúdio à declaração do vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli (PL), que afirmou à imprensa que “mulheres emocionalmente despreparadas não deveriam entrar para a política”. A fala ocorreu após repercussão de episódios recentes envolvendo a presidente da Câmara de Cuiabá, Paula Calil (PL), a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), e a deputada estadual Janaína Riva (MDB), todas vítimas de violência política de gênero.
Maysa classificou a declaração como “infeliz e misógina” e manifestou solidariedade às parlamentares e à prefeita.
“Isso sempre acontece quando uma mulher se posiciona para denunciar a violência política de gênero. É justamente por isso que essa lei existe, porque essa violência é uma constante nos nossos parlamentos, nas entrevistas e nas falas de quem ocupa cargos públicos”, afirmou.
“Quando um homem é firme, é líder. Quando uma mulher é firme, é chamada de louca”
A vereadora destacou o duplo padrão de julgamento entre homens e mulheres na política.
“Quando uma mulher é incisiva numa tribuna, ela é chamada de histérica, de louca, de desequilibrada. Quando um homem é incisivo, é considerado firme e propositivo. Isso é misoginia, e a fala do vice-prefeito é um exemplo de desqualificação do posicionamento das mulheres”, argumentou.
Ela também convidou Tião da Zaeli a buscar letramento sobre machismo, misoginia e violência política de gênero, lembrando que Mato Grosso lidera índices nacionais de feminicídio e estupro de vulneráveis.
“Quando uma mulher ocupa um espaço de poder, ela não está tomando o lugar de um homem, mas ocupando o espaço que deve ser ocupado por mulheres, representando a sociedade. Nosso sonho é um parlamento com equidade: metade homens, metade mulheres”, destacou.
Caso recente envolvendo Janaína Riva também foi citado
Maysa mencionou o caso mais recente envolvendo a deputada Janaína Riva, que foi alvo de violência política de gênero.
“O que aconteceu com ela jamais aconteceria com um homem. Falar sobre o corpo de uma mulher e tentar ferir sua dignidade é algo que nós, mulheres na política, enfrentamos com frequência”, afirmou.
A parlamentar ressaltou que esse tipo de violência tem raízes no machismo estrutural.
“É por isso que feminicídio não é homicídio: as mulheres são mortas por serem mulheres. A origem desse problema está nesses discursos que tentam nos silenciar”, completou.
Convocação aos parlamentares homens
Ao final, Maysa convocou os vereadores homens a se engajarem no enfrentamento à violência contra mulheres e crianças, especialmente durante os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, que começam em novembro.
“Até quando nós, mulheres, vamos lutar sozinhas? Está na hora dos homens se posicionarem por nós e conosco. Que encabeçam esse movimento e parem de desqualificar mulheres. Em um Estado tão violento, precisamos de homens aliados, não de discursos que reforcem a desigualdade”, concluiu.



