Pagar com o cartão de crédito é uma prática usual da maior parte dos brasileiros, mas tem sido um problema para muitas pessoas no controle do orçamento mensal. De acordo com a pesquisa “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, publicada nesta quinta-feira (7/12) pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a MFM Tecnologia, 60% dos inadimplentes têm como fonte de dívida o cartão de crédito.
Essa estatística aumenta a cada ano. Em 2022, a modalidade representava 56% do total de dívidas, enquanto que no ano anterior, era 49%. Na segunda colocação, aparecem os empréstimos e financiamentos, além dos bancos e financeiras, que são a fonte de 46% desse total. Este item também apresentou crescimento na comparação com o ano passado, com um avanço de 3 pontos percentuais.
Segundo a pesquisa, a falta de planejamento e a perda de emprego seguem como os principais motivos para a inadimplência. No levantamento feito este ano, 36% dos participantes afirmaram não ter planejado bem antes de gastar. Em 2022, esse índice era de 29%. Além disso, houve um aumento de 31% para 34% das pessoas que responderam ter perdido o emprego, neste ano.
Para o diretor de Inovação e Marketing da MFM Tecnologia, Luiz Sakuda, ter uma boa administração dos recursos é fundamental para a família evitar o acúmulo de dívidas. “Então aí vem a questão da educação financeira e aí você tem várias ações ligadas a isso. Você escolher pegar o crédito mais adequado, enfim, várias ações que as pessoas podem fazer a partir dessa melhoria de informação”, afirma.
Otimismo
De acordo com a pesquisa, 77% dos lares brasileiros possuem algum tipo de pendência financeira, enquanto que 30% têm dívidas atrasadas. Mesmo assim, a boa notícia que o levantamento revela é que esses indicadores pararam de crescer, após um período de aumento mais forte durante a pandemia. Além disso, 39% dos brasileiros inadimplentes têm certeza que vão conseguir quitar as dívidas. Para se ter uma ideia, no ano passado esse índice era de apenas 25%.
Ao serem questionados sobre como poderiam quitar as dívidas, 36% dos participantes da pesquisa responderam que a melhor solução seria economizar em outras contas. Ainda assim, 24% afirmaram que já se estabilizaram financeiramente, enquanto que 20% acreditam que, com a melhora da economia, poderão pagar todas as pendências.
Para o diretor da MFM, uma das explicações para o aumento de uma percepção mais positiva é a aplicação do Desenrola Brasil - programa criado pelo Governo Federal para ajudar a população a quitar as dívidas. Segundo o levantamento, 46% dos brasileiros inadimplentes que têm certeza de que conseguirão pagar suas dívidas pretendem negociá-las por meio do programa.
“A gente tinha antes da pandemia um patamar menor de inadimplência, e durante a pandemia subiu e depois acabou se estabilizando em torno de 30% das famílias com dívidas em atraso. Então isso é uma coisa que a gente vai ter que lidar como herança da pandemia e acho que o Desenrola veio nessa direção de ter ações para diminuir esse patamar para um patamar um pouco mais saudável para as pessoas e para a economia como um todo”, comenta Luiz.