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Política Quarta-feira, 23 de Julho de 2025, 10:37 - A | A

Quarta-feira, 23 de Julho de 2025, 10h:37 - A | A

CULTURA E INCLUSÃO

Mato Grosso recebe primeira mostra sobre autismo feminino

Exposição inédita da artista Daya Ananias estreia em agosto, em Jaciara, e lança novo olhar sobre o espectro autista em mulheres

MQF Com Assessoria

Entre os dias 4 e 15 de agosto, o Instituto Vencer, em Jaciara (MT), sedia a exposição “Normal demais para ser autista, autista demais para ser normal”, primeira mostra em Mato Grosso concebida por uma artista autista e voltada integralmente ao autismo sob a perspectiva feminina. Criada e protagonizada por Daya Ananias, diagnosticada aos 32 anos, a exposição apresenta obras visuais e depoimentos que refletem as complexidades do diagnóstico tardio em mulheres.

Com curadoria própria, a artista propõe uma cartografia emocional que foge do olhar biomédico tradicional. Suas criações visuais e textuais abordam a solidão, a sensação de inadequação e a sobrecarga emocional vividas por mulheres autistas que, durante anos, mascararam seus sintomas para atender expectativas sociais. “A gente aprende a mascarar, a performar o que esperam. Mas isso cobra um preço alto”, afirma Daya, ao destacar a invisibilidade do autismo em mulheres, muitas vezes confundido com timidez, depressão ou instabilidade emocional.

A mostra inclui ainda quatro depoimentos inéditos de mulheres autistas diagnosticadas na vida adulta, fortalecendo o caráter sensível e documental do projeto. Para Daya, a proposta é mais do que artística — é um manifesto por reconhecimento. “Minhas obras falam de um autismo que escapa dos diagnósticos tradicionais. Mais do que um conjunto de obras, essa mostra é um chamado à escuta das subjetividades historicamente apagadas”, ressalta.

A realização é da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), com recursos da Lei Paulo Gustavo (Edital Identidades n.º 13/2023), apoio da Prefeitura de Jaciara e do Instituto Vencer. Trata-se de um marco simbólico e cultural no estado: é a primeira ação que coloca o autismo não apenas como objeto de estudo, mas como força criativa e narrativa.

Segundo dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso possui atualmente 41.247 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde 2019, vigora no estado a Lei 10.997/2019, que instituiu a Carteira de Identificação do Autista (CIA), ferramenta que garante prioridade e dignidade no acesso a serviços públicos.

“Espero que essas obras possam ser um espelho, um abrigo. A arte me salvou muitas vezes. Agora, talvez, possa salvar outras”, conclui Daya, em tom de esperança e pertencimento.

???? Acompanhe o projeto no Instagram: @aartistautista

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, 26 de Julho de 2025